Olá meus leitores, tudo no tempo
certo?
Bom, hoje
trago uma matéria que com certeza os baixistas já passaram por esta situação:
Amigo: E aí cara quanto tempo, o que você anda fazendo?
Baixista: Ah, virei músico, sempre gostei lembra?
Amigo: Nossa sério? Que bacana,
e qual instrumento você toca?
Baixista: Contrabaixo :)
Amigo: Que massa, é aquele que faz “pom pom pen” né? E qual tipo de
música você toca? Rock, jazz?
Baixista: Ah, eu gosto mesmo é de levar um funky hehe
Amigo: Cara não acredito!! Você com essa cara de nerd é chegado num
“pancadão”?
Situações
como essa são comuns na vida de um baixista, pois o funky é um ritmo onde o
contrabaixo mais se destaca pela condução e pelas levadas que misturam a base
com melodia de forma a dar as características principais desse estilo.
Agora você se
pergunta: Mas afinal, o que difere o “Funk” brasileiro com o FUNKY de origem
americana, que tem o contrabaixo como um dos principais destaques?
Para
responder a esta perguntinha, vamos voltar no tempo?
No inicio os músicos
negro norte americanos chamavam de funk, um estilo de musica mais suave, solto,
mais sensual e caracterizado por frases repetidas, que conhecemos como riffs,
derivado do R&B. Posteriormente, inovações novas vertentes foram
incorporadas ao funk ou funky como ficou conhecido na década de 60 e
principalmente 70. James Brown, cantor norte americano foi um dos grandes responsáveis
pela difusão desse estilo musical, juntando a pegada dos instrumentos de sopros
e linhas de baixo divertidas e eficientes para o estilo. O contrabaixo ganhou
grande notoriedade com esse estilo musical, pois a estrutura melódica e harmônica
das musicas, não tão complexas, exigiam dos baixistas a criação de linhas de
condução mais dinâmicas e elaboradas, as chamadas “levadas”. Podemos citar como
grandes nomes do funky os baixistas: Larry Graham, James Jamerson, Stanley
Clarke, Marcus Miller, Bernard Edwards, Francis Rocco Prestia, Verdine White, Robert Kool Bell, Eu
(brincadeirinha rsrs), enfim, isso é funky. No Brasil, podemos citar como
representante desse estilo Ed Motta, Jorge Ben Jor, Sandra de Sá, Tim Maia, Leo
maia, entre outros. Na década de 60 e 70 os modelos mais usados pelos baixistas
para tocar esse estilo eram o precision bass (da marca americana Fender) e posteriormente
o Jazz Bass da mesma marca. Porém Stanley Clarke fez sucesso usando o poderoso
Alembic (a primeira fabricante a equipar contrabaixos com circuitos ativos).
Não se sabe ao certo por que esse estilo foi batizado de funk. Pesquisei em dicionários
e a tradução mais próxima para essa palavra de origem inglesa é medo. Então,
como os negros sofriam (e ainda sofrem) preconceitos e perseguições, e como as
letras também relatavam casos de preconceitos e humilhações, sofrimentos e
lamentos, talvez por essas razões batizaram o estilo como esse nome.
Agora vamos
avançar o tempo...
Brasil,
década de 80, Favelas e morros, Rio de Janeiro – capital. Em meio ao trafico, violência,
pobreza e marginalidade social e cultural, surge nos bailes uma batida
diferente, frenética, acelerada, cuja harmonia não ocupa tanta importância na
estrutura musical, onde a voz (melodia) e samples, aliados a “batida” ou “pancadão”
deram origem ao que no Brasil se entende por funk.
Esse ritmo,
conhecido como “O ritmo proibido” é comum nas favelas e bairros pobres, e hoje,
em qualquer lugar que se vá, seja refinado ou mais simples, não é de se
estranhar que toque um “pancadão”. Caracterizado por letras pobres, simples e
que trazem abordagens vulgares, essa forma musical domina a cena principalmente
dos bailes funks onde, segundo relatos, acontecem coisas deploráveis, chegando
até serem presenciadas relações intimas entre pessoas na “dança” do funk.
A verdade é
que houve um grande (e medonho) equivoco ao batizar essa forma musical. O funk
carioca é derivado do Miami Bass, que na verdade é uma espécie de hip hop.
Sendo assim, o que as pessoas chamam de funk aqui no Brasil, poderíamos dizer
que é Musica Popular Eletrônica Brasileira.
Mas será que
todo funky é funk? Bom, para não dizer que o estilo aborda apenas temas
vulgares, podemos citar a antiga dupla de Musica popular eletrônica brasileira
Claudinho e Buchecha, que somaram elementos um pouco mais apurados (um pouco
mesmo) à batida eletrônica do estilo. Agora poupem-me de “O Bonde do Tigrão e
Cia”.
A musica
popular eletrônica brasileira é um diário de relato social de tudo que é
vivenciado nas favelas e morros, é uma forma de expressar a vida cotidiana dos
moradores dessas regiões. São pessoas sem ou com pouca instrução escolar e
musical que fazem dos elementos disponíveis sua forma de expressão.
No entanto,
que fique claro que FUNKY é o estilo oriundo do R&B, marcado por levadas
divertidas e dançantes, e o FUNK CARIOCA é na verdade a musica popular eletrônica
brasileira, de origem do Miami Bass e difundida nas favelas do Rio de Janeiro.
Espero ter
esclarecido mais esse impasse.
Até a próxima
e fiquem com Deus!
Show
ResponderExcluirAcho que o único pecado da matéria foi ter batido muito na questão social dos funkeiros, pois fica parecendo que pelo fato de serem pobre só podem produzir coisa de má qualidade ou de mau gosto. O samba mesmo nasceu no morro. E com relação ao funk carioca, esse infelizmente está lotado de adeptos na classe média, incluindo classe média alta.
ResponderExcluirno mais a matéria foi muito boa. show de bola.
Salve Neco! Obrigado por expor sua opinião! Mas na verdade não foi bem isso que eu quis dizer. Infelizmente as gravações dos funks brasileiros falam por si mesmo. São raros os casos em que se ouve um funk carioca que, dado determinados parâmetros, são agradáveis, como por exemplo o funk que era feito pela dupla Claudinho e Buchecha. E o que dizer de MC Brinquedo??? Uma criança que só canta imoralidade. Grande abraço!!
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