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terça-feira, 23 de outubro de 2012

FUNKY OU FUNK?



Olá meus leitores, tudo no tempo certo?

Bom, hoje trago uma matéria que com certeza os baixistas já passaram por esta situação:

Amigo: E aí cara quanto tempo, o que você anda fazendo?
Baixista: Ah, virei músico, sempre gostei lembra?
Amigo: Nossa sério? Que bacana,  e qual instrumento você toca?
Baixista: Contrabaixo :)
Amigo: Que massa, é aquele que faz “pom pom pen” né? E qual tipo de música você toca? Rock, jazz?
Baixista: Ah, eu gosto mesmo é de levar um funky hehe
Amigo: Cara não acredito!! Você com essa cara de nerd é chegado num “pancadão”?

Situações como essa são comuns na vida de um baixista, pois o funky é um ritmo onde o contrabaixo mais se destaca pela condução e pelas levadas que misturam a base com melodia de forma a dar as características principais desse estilo.

Agora você se pergunta: Mas afinal, o que difere o “Funk” brasileiro com o FUNKY de origem americana, que tem o contrabaixo como um dos principais destaques?

Para responder a esta perguntinha, vamos voltar no tempo?

No inicio os músicos negro norte americanos chamavam de funk, um estilo de musica mais suave, solto, mais sensual e caracterizado por frases repetidas, que conhecemos como riffs, derivado do R&B. Posteriormente, inovações novas vertentes foram incorporadas ao funk ou funky como ficou conhecido na década de 60 e principalmente 70. James Brown, cantor norte americano foi um dos grandes responsáveis pela difusão desse estilo musical, juntando a pegada dos instrumentos de sopros e linhas de baixo divertidas e eficientes para o estilo. O contrabaixo ganhou grande notoriedade com esse estilo musical, pois a estrutura melódica e harmônica das musicas, não tão complexas, exigiam dos baixistas a criação de linhas de condução mais dinâmicas e elaboradas, as chamadas “levadas”. Podemos citar como grandes nomes do funky os baixistas: Larry Graham, James Jamerson, Stanley Clarke, Marcus Miller, Bernard Edwards, Francis Rocco Prestia,  Verdine White, Robert Kool Bell, Eu (brincadeirinha rsrs), enfim, isso é funky. No Brasil, podemos citar como representante desse estilo Ed Motta, Jorge Ben Jor, Sandra de Sá, Tim Maia, Leo maia, entre outros. Na década de 60 e 70 os modelos mais usados pelos baixistas para tocar esse estilo eram o precision bass (da marca americana Fender) e posteriormente o Jazz Bass da mesma marca. Porém Stanley Clarke fez sucesso usando o poderoso Alembic (a primeira fabricante a equipar contrabaixos com circuitos ativos). Não se sabe ao certo por que esse estilo foi batizado de funk. Pesquisei em dicionários e a tradução mais próxima para essa palavra de origem inglesa é medo. Então, como os negros sofriam (e ainda sofrem) preconceitos e perseguições, e como as letras também relatavam casos de preconceitos e humilhações, sofrimentos e lamentos, talvez por essas razões batizaram o estilo como esse nome.

Agora vamos avançar o tempo...

Brasil, década de 80, Favelas e morros, Rio de Janeiro – capital. Em meio ao trafico, violência, pobreza e marginalidade social e cultural, surge nos bailes uma batida diferente, frenética, acelerada, cuja harmonia não ocupa tanta importância na estrutura musical, onde a voz (melodia) e samples, aliados a “batida” ou “pancadão” deram origem ao que no Brasil se entende por funk.

Esse ritmo, conhecido como “O ritmo proibido” é comum nas favelas e bairros pobres, e hoje, em qualquer lugar que se vá, seja refinado ou mais simples, não é de se estranhar que toque um “pancadão”. Caracterizado por letras pobres, simples e que trazem abordagens vulgares, essa forma musical domina a cena principalmente dos bailes funks onde, segundo relatos, acontecem coisas deploráveis, chegando até serem presenciadas relações intimas entre pessoas na “dança” do funk.

A verdade é que houve um grande (e medonho) equivoco ao batizar essa forma musical. O funk carioca é derivado do Miami Bass, que na verdade é uma espécie de hip hop. Sendo assim, o que as pessoas chamam de funk aqui no Brasil, poderíamos dizer que é Musica Popular Eletrônica Brasileira.
Mas será que todo funky é funk? Bom, para não dizer que o estilo aborda apenas temas vulgares, podemos citar a antiga dupla de Musica popular eletrônica brasileira Claudinho e Buchecha, que somaram elementos um pouco mais apurados (um pouco mesmo) à batida eletrônica do estilo. Agora poupem-me de “O Bonde do Tigrão e Cia”.

A musica popular eletrônica brasileira é um diário de relato social de tudo que é vivenciado nas favelas e morros, é uma forma de expressar a vida cotidiana dos moradores dessas regiões. São pessoas sem ou com pouca instrução escolar e musical que fazem dos elementos disponíveis sua forma de expressão.

No entanto, que fique claro que FUNKY é o estilo oriundo do R&B, marcado por levadas divertidas e dançantes, e o FUNK CARIOCA é na verdade a musica popular eletrônica brasileira, de origem do Miami Bass e difundida nas favelas do Rio de Janeiro.

Espero ter esclarecido mais esse impasse.
Até a próxima e fiquem com Deus!

3 comentários:

  1. Acho que o único pecado da matéria foi ter batido muito na questão social dos funkeiros, pois fica parecendo que pelo fato de serem pobre só podem produzir coisa de má qualidade ou de mau gosto. O samba mesmo nasceu no morro. E com relação ao funk carioca, esse infelizmente está lotado de adeptos na classe média, incluindo classe média alta.
    no mais a matéria foi muito boa. show de bola.

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    1. Salve Neco! Obrigado por expor sua opinião! Mas na verdade não foi bem isso que eu quis dizer. Infelizmente as gravações dos funks brasileiros falam por si mesmo. São raros os casos em que se ouve um funk carioca que, dado determinados parâmetros, são agradáveis, como por exemplo o funk que era feito pela dupla Claudinho e Buchecha. E o que dizer de MC Brinquedo??? Uma criança que só canta imoralidade. Grande abraço!!

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