Páginas do fala baixo! Click e conheça mais:

segunda-feira, 25 de julho de 2011

♫ Enxergando a Música Parte 1: Música e Comportamento ♫

Com os acontecimentos recentes que abalaram o mundo da música recentemente, decidi hoje trazer um artigo bastante pertinente e interessante. Você já percebeu que é possível identificar “tribos” pela maneira como as pessoas se vestem, falam, agem e se comportam?

Exemplo, não é difícil identificar uma pessoa que gosta de heavy metal, ou uma pessoa que curte jazz, pois de certa forma as pessoas acabam compartilhando e agregando elementos culturais desses segmentos, como acessórios, gírias, roupas, entre outras séries de coisas, devido aos ideais que passam a compartilhar em decorrência do comportamento expressado nas músicas.

Mas afinal, o que influencia o quê? A música influencia um comportamento, ou é na verdade um comportamento que influencia a música?

Para respondermos esse questionamento, vamos nos remontar a Grécia Antiga.

Na Grécia Antiga, a música esta diretamente ligada às manifestações de ordem cultural, social e religiosa, tão especial, que para os gregos a música a música era tão importante e global como o próprio idioma. Daí uma característica bastante peculiar da música grega, que a conexão da música com a palavra.

Os gregos acreditavam de que, como a música é uma forma de expressão, tinha o poder de modificar e influenciar a natureza moral do homem, estabelecendo assim a Doutrina do Ethos, defendida por dois grandes pensadores da Grécia Antiga.

Para Herman Abert apud Najat Nasser (1997), as relações existentes entre o conceito de ethos e seus efeitos corresponde ao seguinte trecho:

"A idéia do ethos se fundamenta no postulado de que entre os movimentos da música e os movimentos psíquicos da homem existam relações íntimas que possibilitam à música um influxo determinado sobre o caráter humano. Prova disso é que os gregos atribuíam uma importância especial às inflexões de nossas faculdades volitivas; importava apenas despertar estados de ânimos passivos".

Para os gregos a música não podia ser dissociada da palavra, consistia ainda na conexão da música com a poesia, onde o cantar e o recitar eram paralelos.

Para Platão, a música era fundamentada na matemática e tinha afinidade filosófica, além de está fundamentada no pensamento abstrato. O Ethos defendido por Platão se chamava Ethos Apolíneo, que era caracterizado como sério, comportado e cidadão. Na música de ethos apolíneo o instrumento predominante era a cítara, e ainda pregava que a música e a ginástica deveriam fazer parte do desenvolvimento intelectual e físico do cidadão grego.

Já Aristóteles, e diferentemente de Platão, a atividade musical estava ligada aos estudos biológicos que lhe davam um caráter indutivo, intuitivo e empírico (no sentido da experiência com a música), não refletia abstrações, era mais pragmática, e um ponto bastante interessante: Para Aristóteles a música imitava as ações humanas, ao prazer e às atividades práticas. Esse é o Ethos Dionisíaco, que era um ethos frenético, ligado às orgias e festivo, além de ser caracterizado pelo uso de instrumentos como aulos e a flauta).

Resumindo, Platão tinha uma visão mais conservadora da música e defendia o ethos Apolíneo como sendo uma boa influência ao desenvolvimento do homem, e ainda evitava o Ethos Dionisíaco defendido por Aristóteles, que por sua vez tinha uma perspectiva mais liberal da música.

Bom, voltando ao questionamento, o que a música imita, ou o quê imita a música?

Antes de chegarmos à essa resposta, vale a pena conferir a visão romana sobre esse tópico. Assim como a cultura grega tem suas bases na cultura egípcia, a cultura romana tem suas bases na cultura grega. Os romanos por sua vez acreditavam na positividade da música, onde a música de uma forma geral transforma o ser humano, e o ser humano transforma a realidade. Dessa forma, a Música é a própria realidade.

Pronto chegamos ao ponto X desses questionamentos.

1) Música como terapia:
Citação retirada de uma artigo de Adrian Ebens

A música tem sido usada como terapia por longo tempo. Lemos na Bíblia como Davi tocava música para acalmar o Rei Saul. A terapia musical foi usada para tratara melancolia de Felipe V da Espanha e George III da Inglaterra. A musicoterapia tornou-se hoje mais cientificamente orientada do que nunca antes. Dolan definiu a musicoterapia moderna como uma "aplicação científica da música por um terapeuta, o qual busca alterações específicas no comportamento dos indivíduos." A musicoterapia tem uma ampla gama de programas para os idosos, surdos, retardados mentais, paralíticos cerebrais, cegos, perturbados emocionalmente,culturalmente excluídos, com problemas de fala, deficientes físicos e pessoas com dificuldades de aprendizado. Um ramo de estudos da Musicoterapia chamado de Cinesiologia Comportamental revela o fato de que a música pode afetar os níveis de energia no corpo. John Diamond, em seus estudos, descobriu que certas formas de música rock e música de arte moderna causam notável enfraquecimento na energia corporal. Uma característica comum desta música é o ritmo anapéstico. Este ritmo seria aparentemente contrário ao ritmo fisiológico normal do corpo. Além do enfraquecimento causado por este tipo de música rock, Diamond descobriu um fenômeno que ele chamou de alteração, onde a simetria entre os dois hemisférios cerebrais era perdida. Parece que para manter um senso de bem-estar e integração, é essencial que as pessoas não sejam sujeitas em demasia a quaisquer ritmos que não estejam de acordo com seus próprios ritmos corporais naturais.



2) Música é emoções: Citação retirada de uma artigo de Adrian Ebens

Manfred Clynes explorou o relacionamento entre a música e a comunicação das emoções humanas. Clynes descobriu que cada expressão dinâmica de emoção humana (alegria, ira, ódio, tristeza) é governada por um programa ou algoritmo cerebral específico para cada estado, chamados de formas essênticas. A música tem a capacidade de imitar estes algoritmos e, portanto, transmitir a emoção e falar sobre a emoção de maneiras precisas. Desta forma, um bom músico pode comunicar emoções a seus ouvintes. Seria, portanto, possível comunicar uma filosofia ou uma cosmovisão? Sim. Wolterstorff afirma claramente que sempre existe um mundo por detrás da obra. Rookmaaker concorda afirmando que "Às vezes até o nosso estilo de vida é formado ou influenciado pelos artistas."

Bom, analisando essas perspectivas, onde a música é usada com terapia e ajuda em debilidades humanas, acalmando e sendo instrumento de desenvolvimento, causando alterações específicas no comportamento, isto é melhorando pontos estabelecidos e não o comportamento por inteiro. A música é ainda instrumento de expressão e emoções, podendo-se concluir dizendo que a música ela não estimula, não provoca e nem leva o homem a assumir um comportamento. A música expressa esse comportamento, expressa valores, pensamentos, opiniões e emoções. A música é então instrumento de expressão plena daquilo que o homem é. A música que eu faço, faço para expressar aquilo que quero passar ao meu público, daquilo que sou, podendo nela conter elementos que me influenciaram, decorrentes da música de outros, onde essa música também era expressão de outros artistas, influenciados por outros artistas e cada um com seu comportamento, perspectivas e visão de mundo.

A música, seja ela qual for, não força ou impõe um comportamento, mas sim expressa um comportamento já estabelecido por alguém ou por um grupo de pessoas que compartilham dos mesmos ideais. Assim, quebramos muitos preconceitos que sabemos que existem, julgando até as pessoas pelos gostos que tem. A música expressa um comportamento, mas ser influenciado por tais valores expressados vai da afinidade que cada um atribui a isso, por exemplo, você pode plenamente escutar Rock Metal, pagode, jazz, rock e não aderir ao estilo de vida, de se vestir e de se comportar predominante das pessoas que realizam esses tipos de música. Outro exemplo, se você viu seu vizinho que vive escutanto Restart vestir agora calças coloridas, falar  gírias próprias das pessoas que curtem esse som e se comportar como a maioria desses apreciadores se comportam, não significa que a música que ele escuta está influenciando-o, mas sim que ele está sendo influenciado pelo comportamento de quem faz esse tipo de música. E pra finalizar, mais um exemplo que se aplica nesta discussão: Avril Lavigne.No início de sua carreira, ela era a skate girl, se comportava de uma forma, e lógico, sua música apresentava outras formas e nuances, mais punk, mais rock.  Nos dias atuais, após um casamento falido, seu comportamento mudou, e logo sua música também mudou. O mesmo acontecem com músicos quando mudam de religião por exemplo. Quem não viu músicos da cena do rock, so pagode, do  axé, do forró, aderirem a outra religião e verificamos uma mudança na música que fazem?  Mudam-se os valores e comportamentos e consequentemente se muda a música que é feita, comprovando mais uma vez que a música é a expressão de um comportamento. 
É preciso enxergar a realidade do outro como a nossa, ser empático e saber reconhecer os valores de cada estilo de música. É preciso está com a mente sempre aberta.

Espero que tenham gostado, e que acompanhem o próximo artigo,pois será a continuidade deste.

Fiquem com Deus e até a próxima

_____________________________________
Referências

EBENS, Adrian. A música na adoração. Disponível em http://www.musicaeadoracao.com.br/livros/musica_adoracao/04_razao.htm.
GROUT, Donald e PALISCA, Claude. História da Música Ocidental, Gradiva Pub. Ltda. Portugal, 2007.
NASSER, Najat. O Ethos na Música Grega. Disponível em: http://venus.ifch.unicamp.br/cpa/boletim/boletim04/22nasser.pdf.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

:a   :b   :c   :d   :e   :f   :g   :h   :i   :j   :k   :l   :m   :n   :o   :p   :q   :r   :s   :t