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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

MÚSICO >> BAIXISTA >> VIRTUOSO >> MUSICAL


Você sabe como dirigir um carro? Se a resposta for sim, você já deve está acostumado a realizar várias ações simultaneamente e a dominar vários comandos. Se a sua resposta for não, deve achar complicado como uma única pessoa controla um volante, marchas, três pedais e uma série de comandos. É meio engraçado isso, mas assim acontece com os Músicos.
O Músico ler a partitura, toca seu instrumento, a mão direita tem uma função, a esquerda tem outra, obedece à uma pulsação, à um andamento, cuida para seu som sair com qualidade, interpreta e às vezes, se possível, marca o tempo batendo no pezinho (rs). É muita coisa para uma única pessoa gerenciar, muitos comando para o cérebro determinar. As pessoas que não tocam, acham isso dificílimo (e é mesmo), mas já estamos acostumados.

Ser Baixista, é ser tudo descrito acima. Porém, ele é responsável pelo swing, por fazer os ossos balançarem, é encarregado de fazer aquelas levadas que dão um tempero especial às músicas.Como disse o baixista Fernando Savaglia em uma coluna (revista Cover Baixo nº 48, set. 2006, pag.68): 
"[...] tentar entender um groove de funk lendo uma partitura é a mesma coisa que procurar explicar que a consciência pode existir independentemente do cérebro [...] Conceitos como suingue não se explicam e não podem ser aprendidos se foram simplesmente lidos em algum lugar [...]" 
No entanto, há um ponto, que é crítico por sinal, que muitos baixistas erram no tempero. É preciso ainda ter sensibilidade. Às vezes, uma levada simples e coesa é o suficiente para preencher e dar um swing característico na música. Encher a levada de notas e mais notas, numa rapidez tremenda pode não soar tão bem e parecer mais uma demonstração de técnica, talvez para demonstrar um certo virtuosismo.

Mas o que é ser Virtuoso? Na Itália dos séculos XVI e XVII, a atribuição de virtuoso era dada a um músico por seu notável conhecimento teórico. Definição sustentada por estudiosos como Sebastien de Brossard, Johann Gottfried Walther, Johan Matthenson. Com o tempo, passou-se não só a valorizar-se um vitusoso por seu conhecimento teórico, como também por deter uma habilidade exepcional em um instrumento.
Johann Kuhnau definia um virtuoso em seu instrumento, alguém dotado de grande prática, altamente dotado de técnica bem desenvolvida, complexa. (leia definições mais detalhadas em http://pt.wikipedia.org/wiki/Virtuoso).
Eu concordo com ele. Não adianta ter muita técnica, se você não tem conhecimento para aplicá-la na música que você faz, e o mais importante, não há razão de ser virtuoso teórico e prático se você não consegue musicalizar estas habilidades.
Para tocar, não precisamos ser virtuosos na teoria e na prática, basta termos musicalidade, ou vai dizer que nunca viu e ouviu pessoas sem a mínima noção de música teórica e técnica, tocar suas violas e rabecas (mesmo com vícios) e compor músicas simples, mas bonitas, expressivas, que transmitem emoção para quem ouve. Podemos ser virtuosos na teoria e na prática, mas se não tivermos musicalidade para transformar informações, conceitos e técnica em música, seremos apenas macacos treinados. Habilidade prática e conhecimento teórico são fundamentais, isso é indiscutível. A técnica e a teoria devem ser pilares para podermos desenvolver e fazer música, e para isso precisamos ser musicais. Podemos citar exemplos de músicos virtuosos, tanto na teoria, quanto na prática, além de serem divinamente musicais, como Heitor Villa Lobos, Ludwig V. Beethoven, Amadeus Mozart, Nicolo Pagannini, Jaco Pastorius, Nico Assumpção, o grande e saudoso Sivuca, Alain Caron, John Patitucci. Também podemos citar baixistas que não executavam levadas entrincadas, mas musicais como John Deacon, Paul McCartney e Sting, o que não quer dizer que não tinham amplo conhecimento da teoria, pois sabemos que todos eles são bem conceituados e desenvolveram e/ou desenvolvem trabalhos de alta qualidade musical.
Aproveitando o embalo, gostaria de falar sobre multi instrumentismo (ou multi instrumentalismo). Sabemos que para dominar um instrumento, em linguagem coloquial, precisamos suar a camisa, nos dedicar ao máximo e buscar sempre aperfeiçoamento. Porém, para apenas tocar mais de um instrumento não precisamos ter alta habilidade em  todos, agora para dominar mais de um instrumento no sentido amplo da palavra, são outros quinhentos.
Eu mesmo passei e passo por essa vivência. Comecei estudando baixo acústico e violino simultaneamente, que são dois extremos (coisa de doido mesmo rs). Me machuquei estudando baixo acústico e migrei para o baixo elétrico, e paralelamente continuei estudando violino. Teve uma hora em que ficou complicado conciliar os dois instrumentos (que estavam no mesmo nível de aprendizado, exatamente nos mesmo períodos), e tive que escolher entre um deles. Como vi que minha vida sempre foi o contrabaixo, tranquei o curso de violino. Durante esse tempo avancei meus estudos de baixo elétrico, e atualmente iniciei meus estudos em saxofone. Organizo meus horários para desenvolver bem os dois instrumentos, dividir bem o tempo para estudá-los, e ainda tenho a vantagem de ter um conhecimento maior em baixo do que em saxofone, o que garante que não ficarei tão sufocado, pois em cada instrumento estou em níveis diferentes, e mesmo assim é um desafio muito grande. Toco ainda violão, que me ajuda em estudos de harmonia e flauta doce para auxiliar nos estudos de solfejo, quando me dá saudade, toco um pouquinho de violino, mas somente como hobby, pois levo a sério mesmo o contrabaixo e mais recentemente o Sax. Tenho vontade ainda de conhecer mais sobre o violoncelo e o bandolim, pois tenho grande admiração por essses instrumentos.
A história musical traz muitos exemplos assim, como Mozart, que era virtuoso no piano e no violino (e ainda tocava viola de arco em quartetos), Heitor Villa Lobos, no piano, violão e violoncelo (enfim Villa Lobos é Villa Lobos e ponto final rs), Nicolo Pagannini, violino e supostamente violão também, Flea no baixo elétrico e trompete. Viram? É díficil, mas não impossível.
Conhecer mais de um instrumento é sempre interessante, mas devemos focar naquilo que queremos e desejamos nos destacar. Eu amo baixo elétrico e quero morrer tocando baixo elétrico, mas também me encantei com o sax, e pretendo seguir esse caminho também (que Deus me ajude! rs). É preciso abdicar de muitas coisas, ser dedicado e levar a sério, só assim virão os resultados esperados.

Bom, se você optou também por seguir esse caminho, estudem e pau na máquina!

Até a próxima!

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